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24/07/2017 - 14:28

Crise Econômica

Recessão comprime receitas, mas companhias revertem prejuízo

O primeiro levantamento completo sobre o desempenho das grandes companhias brasileiras em 2016 mostra que elas acusaram o golpe do segundo ano consecutivo de recessão. As mil maiores empresas que divulgam balanços tiveram uma queda real de receita líquida de 4% no ano passado – o crescimento nominal (não deflacionado) foi de 2,1%.


Esses dados fazem parte da pesquisa realizada pelo Valor em parceria com a Serasa e a FGV para a formação do ranking do “Valor 1000”, que será divulgado em agosto, trazendo também as empresas campeãs em 25 setores da economia.


Os números do anuário “Valor 1000” indicam que o crescimento nominal do faturamento em 2016 foi o segundo pior da série histórica do ranking – um desempenho somente melhor que o de 2009, ano marcado pela ressaca da crise financeira internacional. A expansão nominal ficou muito aquém da observada em 2015 (7,5%) e em 2014 (8,9%).


A receita líquida dessas grandes companhias manteve a trajetória de desaceleração no crescimento pelo sexto ano consecutivo. Ao todo, as mil empresas faturaram R$ 3,23 trilhões em 2016. “Vimos no último ano a desaceleração no faturamento da maior parte dos setores analisados”, avalia o coordenador do Valor Data, William Volpato.


Em termos reais, a variação da receita líquida ficou negativa pelo segundo ano consecutivo. A queda de 4% computada em 2016 também só não foi pior que o resultado de 2009 (-5,2%). O desempenho ainda foi ajudado pelo processo contínuo de redução da inflação, que levou Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a encerrar o ano em 6,29% – ante os 10,67% em 2015.


Os dados de “Valor 1000” mostram também que, mesmo diante de um cenário econômico e político adverso e com menor capacidade de geração de receitas, esse time de elite das empresas brasileiras foi capaz de entregar resultados positivos em uma série de rubricas, com especial destaque para a linha final de seus balanços, o lucro líquido. Entre 2015 e 2016, houve reversão de um conjunto prejuízo de R$ 66,1 bilhões para um lucro líquido de R$ 92,3 bilhões. É preciso lembrar que, em 2015, além da conjuntura econômica adversa, diversos reconhecimentos de baixas contábeis deprimiram os números e ajudaram a explicar um resultado final tão ruim.


As perdas por redução ao valor recuperável de ativos (“impairment”), novidade introduzida no Brasil na esteira da adoção do padrão internacional de contabilidade (IFRS, na sigla em inglês), voltaram a ocorrer em 2016, mas a intensidade foi muito menor. Parte da contribuição para o resultado final fechar no azul em 2016 foi uma série de melhoras nos desempenhos de importantes players do ranking, a exemplo da mineradora Vale, que reverteu um prejuízo líquido de R$ 44,2 bilhões, em 2015, para um lucro líquido de R$ 13,3 bilhões, no ano passado.


A causa principal, entretanto, foi estrutural. “2016 foi um ano em que empresas fizeram seu ajuste fiscal”, resume Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, parceira do Valor na elaboração do anuário. “Foi um ano de ajustes do nível de rentabilidade dessas empresas. Isso não ocorreu pelo aumento de receitas, mas pela diminuição de custos, despesas operacionais e despesas financeiras”, completa. O lucro bruto, resultado da atividade de vendas de bens e serviços descontado o custo de produção, avançou 5,4%, para R$ 775,9 bilhões. Com isso, o resultado da atividade, rubrica que indica a capacidade de uma empresa em gerar lucros com a atividade-fim, avançou 13,9%.


O ranking aponta também para uma redução das despesas financeiras das empresas, que passaram de R$ 443,3 bilhões (2015) para R$ 265 bilhões (2016), em um cenário de menor volatilidade de juros e câmbio. A queda contribuiu para que o indicador de cobertura de juros, que tinha atingido o menor nível da série histórica em 2015, invertesse a curva. O índice, que mede a capacidade de geração de caixa (medida pelo Ebitda) para fazer frente às despesas financeiras, passou de 0,82 pontos para 1,37 pontos na comparação anual. Na prática, as companhias geraram quase uma vez e meia os recursos necessários para arcar com suas despesas financeiras brutas.


O endividamento oneroso, que inclui dívidas bancárias, atingiu R$ 1,62 trilhão em 2016, decréscimo de 11,9% ante o R$ 1,84 trilhão do ano anterior. Uma leitura para a queda de endividamento está relacionada à redução da oferta de crédito pelos bancos e à própria diminuição da demanda por parte das empresas. “Em situações de absoluta incerteza sobre o futuro, as empresas não investem”, diz William Eid Junior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV/Eaesp, também parceira do Valor na elaboração do ranking.


FONTE: Valor Econômico




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