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26/11/2018 - 11:19

Comércio Exterior

Agropecuária lidera o aumento das exportações

A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China e o aumento no preço de algumas commodities, como o petróleo, contribuíram para o crescimento em valor de 16,6% das exportações brasileiras na comparação entre os meses de outubro de 2017 e 2018. O saldo da balança comercial de US$ 5,9 bilhões foi inferior ao de igual período no ano de 2017, porém um resultado chama atenção: o saldo com a China aumentou de US$ 19 bilhões para US$ 23 bilhões. Em relação aos outros dois principais parceiros, o superávit caiu de US$ 1,5 bilhões para US$ 131 milhões no comércio com os Estados Unidos e de US$ 6,6 bilhões para US$4,2 bilhões com a Argentina.


Como a análise dos índices de comércio exterior irão mostrar a melhora nas exportações foi liderada pelo setor agropecuário e pela indústria extrativa. No caso das importações houve aumento de 17,7%. No acumulado do ano até outubro, seja em valor ou volume a variação das importações superou a das exportações. Em valor as exportações cresceram 8,5% e em volume 1% na comparação com o acumulado até outubro de 2017 e as importações, 21,1% (valor) e 12,7% (volume).


Ressalta-se, porém, que os ganhos com a guerra comercial são pontuais e não deverão se manter ao longo do tempo. As projeções para o crescimento da economia mundial estão sendo revisados para baixo em função do conflito e, seu acirramento só irá piorar as perspectivas de melhora do comércio mundial. É um cenário que não interessa ao Brasil pois significa queda na demanda mundial e, portanto, nas exportações.


Os índices de comércio exterior


Após a queda no volume exportado e importado no mês de setembro em relação a igual período de 2017, as exportações aumentaram em 9,4% e as importações, 10,4%. Os resultados de outubro sofreram pouca influência das operações de plataformas de petróleo, a única diferença foi nas importações:10,4% com plataformas e 9,7%, sem plataformas. No acumulado do ano, porém, as diferenças observadas ao longo do ano levam a um aumento de 1% nas exportações e recuo de 0,6% quando excluídas as plataformas. Nas importações, o crescimento de 12,7% na comparação dos acumulados do ano até outubro entre 2016/2017 passa para 7,2%, sem as plataformas.


Tanto na comparação mensal como do acumulado, os preços de importações cresceram acima do das exportações. No entanto, se separamos as exportações em commodities e não commodities, observa-se que os preços das commodities cresceram 8,5%, em outubro, e 6,7% no acumulado do ano. Logo o menor dinamismo nos preços exportados em relação aos preços importados é explicado pelo desempenho das não commodities. O Gráfico 3 no anexo ilustra também o crescimento de 20,1% no volume exportado das commodities em outubro. Na comparação do acumulado do ano, a diferença para as não commodities é menor (3,5% para commodities e 2% para as não commodities).


O elevado crescimento no volume exportado de commodities foi influenciado pelas vendas para a China. Em outubro, as exportações totais para a China aumentaram em 84%, sendo registrado elevação de 124% para as vendas de soja e 134% para as de petróleo. A participação da China nas exportações brasileiras atingiu 27% em outubro e o segundo colocado os Estados Unidos teve um percentual de 14%.


Os termos de troca aumentaram 4,4% entre setembro e outubro, porém a tendência é de queda a partir de julho. Em relação a outubro, os termos de troca caíram 1,7%. Entre as principais commodities exportados pelo Brasil, o aumento nos preços foi liderado pelo petróleo e derivados, 34,8%, e pelos produtos semimanufaturados de ferro/aço/laminados, 21,8% na comparação entre 2017 e 2018 no período de janeiro a outubro. As outras commodities ou registraram queda nos preços ou aumentos de um dígito. Os produtos de soja aumentaram 5%, as carnes recuaram 1,7% e outros agrícolas, 5,4% e o preço do minério de ferro caiu (1,9%). Esses resultados explicam a queda dos termos de troca em relação ao ano passado.


Índices por indústria e categoria de uso


O volume exportado pelo setor de agropecuária, após queda no mês de setembro em relação a setembro de 2017, cresceu 35,8% entre os meses de outubro com as vendas do complexo soja (17,2%) e de carnes (15,1%). A indústria extrativa repetiu o desempenho favorável de setembro e cresceu 32,9% (out2017/18). No acumulado do ano até outubro, porém, o destaque é o crescimento da agropecuária em 10,6%, seguida do percentual de 3,5% da indústria extrativa. A indústria de transformação afetada pela crise da Argentina, um dos nossos principais compradores de produtos manufaturados, cresceu até outubro, 0,5%.


O efeito Argentina fica nítido quando se analisam os volumes exportados por categoria de uso da indústria de transformação. Os bens de consumo duráveis recuaram 17,9% em outubro e 11,6% no acumulado do ano. O resultado de 15,3% para o aumento do volume exportado de bens de capital na comparação do acumulado no ano, passa a ser negativo (-5,1%) quando se excluem as plataformas de petróleo. Logo, exceto para o aumento de 1% dos bens intermediários, todas as categorias mostram recuo em relação ao ano de 2017 na comparação do acumulado no ano. No mês de outubro, porém, bens intermediários e bens de consumo semiduráveis registraram crescimento.


No mês de outubro, as importações da indústria extrativa cresceram em volume 31,2% influenciadas pelas compras de óleo bruto, que em valor aumentaram 153%, sendo que em volume 84% e em preços, 38%. No acumulado do ano, porém, a liderança cabe à indústria de transformação, 12,2%, seguida da extrativa (8,3%) e da agropecuária (2,0%). Nas categorias de uso, o percentual dos bens de capital cai de 49,1% para 10,1%, quando retiramos as plataformas de petróleo, na análise do acumulado do ano. A liderança passa então para a categoria de consumo duráveis (30,5%), que como já mencionado em informes anteriores é explicada pelas compras de automóveis favorecidas com o fim Inovar Auto. Essa situação deverá mudar com a volta da proteção ao setor como programa Rota 2030.


A variação nos índices dos volumes importados de bens intermediários pela indústria de transformação é positiva, mas não chega a 10%, o que é compatível com o baixo nível de atividade esperado para esse ano (ao redor de 1,5%). Na agropecuária, a variação é negativa no acumulado (-6%), mas registrou um aumento de 71,7% na comparação do mês de outubro (2017/18). O resultado da variação para os bens de capital que são incluídos na Formação Bruta de Capital Fixo foi de 15,2% na comparação mensal e de 61,6% no acumulado do ano. Excluídas as plataformas, porém, esses valores caem para 9,6% e 12,9%, respectivamente. As importações de bens de capital pelo setor agropecuário permanecem elevadas. Entre os meses de setembro 2017/18 haviam crescido 39,7% e, agora aumentaram 55,2% levando a uma variação de 70,6% na comparação entre os períodos de jan/out de 2017/2018.


Consideração final


Passado o período eleitoral, uma queda na taxa de câmbio real efetiva de 9,2% entre setembro e outubro. É possível que a realização de novas rodadas de privatizações e concessões a serem realizados pelo novo governo em 2019 levem a aumentos de capital que pressionem para mais valorizações cambiais. Um resultado que afeta negativamente a competitividade da indústria e, logo, não favorece as exportações da indústria de transformação. No entanto, dependendo de como for implementada a redução nas tarifas de importações, que consta do programa do governo eleito, haverá um fator atenuante para a tendência da valorização. Diferente dos anos de 1990 quando a âncora cambial do Plano Real levou a valorização do dólar, esse poderá ser um cenário diferente. Nesse caso, é prematuro afirmar qual será o comportamento do câmbio diante dessas mudanças.


FONTE: Portal FGV



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