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21/03/2018 - 10:00

Tecnologia

Uso do big data auxilia negócios e esforço de recuperação fiscal

O uso do big data na tomada de decisões está aos poucos se consolidando no mundo dos negócios, com empresas como Tigre, Telefônica e Santander reportando resultados concretos. Agora, a tecnologia também está suportando iniciativas do poder público para recuperação fiscal.


Após contratar a provedora especializada em big data Neoway em julho passado, o Grupo de Atuação Especial para Recuperação Fiscal (Gaerfis) da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo (PGE-SP) já conta “com duas dezenas de casos rumorosos e complexos ‘rodando’ e operando com auxílio do big data”, conforme afirmação de um integrante do Gaerfis.


No mais notório deles, o cruzamento de informações de diferentes bancos de dados permitiu a identificação de uma tipologia de fraude “até então desconhecida” pelo grupo. Nela, certos credores apresentavam, durante processos de execução fiscal, garantias que na verdade não existiam.


“[Após a adoção da tecnologia] descobrimos o oferecimento, em processos de execução fiscal, de garantias fidejussórias inidôneas, no qual a empresa garantidora não apresentava lastro patrimonial que fizesse frente à garantia”, explicou o integrante da PGE-SP ao DCI.


“Chegamos a verificar a matrícula de um imóvel onde nem o cartório [onde a propriedade em questão estava inscrita] existia”, afirmou o mesmo integrante do Gaerfis, ilustrando o auxílio do big data no processo.


Outro aspecto que chamou atenção foi a identificação – também com ajuda da tecnologia – de “incompatibilidade entre a residência do sócio [da garantidora] e o porte da empresa”, suscitando suspeitas posteriormente confirmadas. Como o mesmo proprietário foi vinculado a outros CNPJs, a investigação tomou proporções maiores.


“Percebemos na sequência que existem várias empresas que se autointitulam banks e que saem emitindo documentos garantidores sem lastro patrimonial”, sinalizou o integrante do Gaerfis, destacando uma possível disseminação do modus operandi para além do estado de São Paulo.


Uma segunda experiência da PGE-SP com o big data envolveu análise preditiva para descobrir onde atualmente residem os contribuintes com débitos inscritos na dívida ativa. Neste caso, mais de R$ 1 milhão já foi recuperado através da iniciativa.


No mercado


A uso do big data pelo Gaerfis chamou a atenção da catarinense Neoway; a prestadora do serviço premiou a PGE-SP pelo projeto durante evento em Florianópolis (SC) realizado na primeira quinzena de março.


Na ocasião, empresas também foram condecoradas após experiências bem-sucedidas. Uma delas foi a Telefônica: a tele usou o big data para reorganizar sua base corporativa, que soma cerca de 3 milhões de clientes.


“Nossa pirâmide corporativos tem as grandes contas, os clientes intermediários [ou ‘top’] e os massivos, com faturamento menor”, explicou a gerente de marketing da Telefônica, Fernanda Souza.


“Notamos que muitos clientes do massivo tinham potencial de migração, pois estavam ficando robustos”. Cerca de 10% do contingente foi promovido, “ganhando” atendimento personalizado após o big data identificar neles um maior potencial de geração de receita.


O caminho inverso também foi incentivado. “Percebemos que muitos clientes não dependiam de um gerente de negócios para consumir mais”, argumentou Fernanda: assim, cerca de 40% da categoria intermediária foi reclassificada para o degrau anterior. “Nem todo mundo precisa de personalização”, afirmou a gerente.


Cruzar variáveis como faturamento, localização e concorrência também auxiliou a fabricante Tigre a aumentar o potencial de vendas. A empresa iniciou projeto de big data com a Neoway em março do ano passado: o objetivo, de acordo com o especialista de inteligência competitiva, Nilton Brum, foi saber se a base de clientes “está comprando tudo o que nós podemos vender”.


“Imagina que o big data me diz que um cliente fatura R$ 10 milhões ao ano e que 10% do negócio do setor dele vem dos tubos de PVC”, exemplificou Brum. “Se para ele nós só estamos vendendo R$ 300 mil, ou ele pode comprar mais, ou ele está comprando da minha concorrente”, completou, sem detalhar resultados.


Em um primeiro momento, a iniciativa da Tigre mirou casas de varejo que atendem clientes prediais (a proximidade dos pontos de venda com novos empreendimentos imobiliários também foi considerada). A intenção é estender a prática para revendedores que atendem outras verticais, como indústrias.


O Santander também se valeu do big data para “o mapeamento e a prospecção de novos clientes”, conforme afirmação da analista de segmentos Caroline Lopes. Com a ferramenta, gerentes puderam filtrar e localizar perfis específicos de clientes corporativos no raio de atuação das agências.


“No período entre dezembro e janeiro nós trouxemos cerca de 2,2 mil clientes”, afirmou Caroline. Segundo ela, o payback (retorno) do investimento ocorreu no primeiro mês de projeto.


No caso da fabricante e distribuidora de produtos de limpeza profissional Göedert – dona da marca Nobre e também premiada pela Neoway –, a iniciativa visou não só a prospecção de clientes, mas também de fornecedores novos (a empresa tem cerca de 150) com preços e possibilidades logísticas mais atraentes. Segundo o gerente de vendas Göedert, Wagner Besen, as duas frentes geraram R$ 2,8 milhões em receitas adicionais ano passado. Em 2018, a expectativa é colher R$ 4 milhões.


FONTE: DCI - Diário Comércio Indústria & Serviço




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