Você está em: Início > Notícias

Notícias

20/02/2018 - 12:11

Fintechs

Bancos médios buscam se reinventar com modelo digital

Sob pressão por resultados em um setor altamente concentrado, os bancos de médio porte querem se reinventar como empresas de tecnologia financeira, as “fintechs”. Em uma transformação que em alguns casos envolveu o próprio nome, eles apostam na popularização do uso de serviços bancários pelo celular para crescer entre os clientes de varejo atendidos hoje pelas instituições de grande porte.


O primeiro grande teste da receptividade desse novo modelo pelos investidores ocorrerá na planejada abertura de capital do Banco Inter. O antigo Intermedium, controlado pelos donos do Grupo MRV, pretende listar suas ações na B3 no primeiro semestre deste ano. O Agibank, novo nome do gaúcho Agiplan, também tem planos de ir à bolsa, conforme apurou o Valor.


O Inter possui hoje a plataforma mais bem sucedida entre os bancos médios que migraram para o segmento digital. Com 400 mil clientes, pretende atingir a marca de 1 milhão de correntistas no fim deste ano. Para ganhar mercado, o banco se valeu de um modelo muito usado entre as fintechs: todos os serviços, como saques, transferências e anuidade do cartão, são gratuitos.


Histórias de crescimento como a do Inter costumam ser bem recebidas na bolsa. A grande questão que deverá ser colocada durante o processo de apresentação aos investidores (ou “roadshow”, no jargão de mercado) é se a estratégia de gratuidade dos serviços é sustentável do ponto de vista financeiro.


Ao contrário da maior parte das fintechs em expansão, o Inter já opera com lucro. O resultado no ano de 2017 foi de R$ 48,2 milhões, alta de 89% em relação ao registrado no mesmo período do ano passado. A rentabilidade sobre o patrimônio líquido passou de 7,5% para 13,3% no ano passado, menor que a registrada pelos grandes bancos privados, mas considerada boa em um cenário de juro em queda, hoje a 6,75% ao ano.


Embora não cobre pelos serviços, o Inter se beneficia da redução do custo de funding, ao ampliar a captação de recursos no varejo. Em dezembro, o banco contava com R$ 231 milhões em depósitos à vista, uma expansão de 432% em 12 meses, e um total de R$ 2,9 bilhões em recursos captados.


O uso dos canais digitais é uma tendência para toda a indústria bancária, não só para as instituições de médio porte, segundo Marciano Testa, presidente do Agibank. Isso não significa, porém, garantia de sucesso. “Os bancos que passaram a se chamar digitais terão uma dificuldade enorme de monetizar esses negócios”, afirma.


Com foco nas classes C e D, o banco tem procurado combinar a plataforma digital, lançada no início deste ano, com a rede de atendimento. “O cliente sai com um cartão múltiplo funcionando e o salário vinculado à conta, o que não acontece em um banco puramente digital”, diz o executivo do Agibank, que tem como meta chegar a 500 mil contas – hoje 40 mil correntistas recebem o salário pelo banco.


Em 2017, o Agibank obteve lucro líquido de R$ 127,8 milhões, alta de 19,63%. Com R$ 1,563 bilhão em ativos e patrimônio líquido de R$ 346,508 milhões em dezembro, o retorno sobre o patrimônio líquido médio anualizado foi de 43%, ante 52% no ano anterior.


Os clientes que costumam ficar de fora do radar das instituições de maior porte, como os mais jovens, da chamada geração “millenial”, têm sido o principal alvo dos bancos médios digitais e das novas empresas de tecnologia financeira.


O Banco Neon tem sido um dos mais bem sucedidos na estratégia de atrair esse público. A instituição surgiu em 2016 a partir do mineiro Pottencial, mas com uma proposta de se concentrar nos serviços típicos de conta corrente e cartão de débito.


Além da isenção de tarifas, um dos atrativos para os clientes é o aplicativo que permite acompanhar os gastos em tempo real. A operação do Neon, porém, ainda é deficitária. Entre janeiro e setembro do ano passado, o banco registrou prejuízo de R$ 5,2 milhões, segundo dados do Banco Central.


Quem também pretende avançar com uma plataforma de banco digital é o BS2, nome adotado pelo antigo Bonsucesso para se adaptar aos novos tempos – os dois últimos caracteres remetem à representação do coração em mensagens nas redes sociais.


O banco prepara o lançamento de uma plataforma digital que deve reunir, em um único aplicativo, produtos de conta corrente, investimentos e seguros, incluindo produtos de terceiros. O lançamento do aplicativo está previsto para maio, e a meta do BS2 é atingir 100 mil clientes no primeiro ano de operação.


Nos últimos anos, os bancos médios conseguiram atrair alguma atenção das pessoas físicas impulsionados pela cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), de R$ 250 mil para os depósitos em cada instituição – agora limitada a R$ 1 milhão por investidor a cada quatro anos.


Com a aposta em tecnologia, essas instituições agora tentam oferecer serviços a esses clientes. Para Silvio Marote, sócio da consultoria Bain & Company, o sucesso dessa estratégia depende não apenas dos investimentos em TI, mas de um bom entendimento sobre em quais nichos o banco pretende atuar e que público pretende atingir.


De acordo com ele, os médios têm a vantagem de serem mais ágeis que as instituições de grande porte nessa guinada em direção a uma oferta digital. “Naturalmente, alguns vão ficar pelo caminho, mas outros vão se sair bem”, afirma Marote. O consultor ressalta que ficar pelo caminho não significa necessariamente quebrar. Pode ser apenas uma questão de não crescer e não conseguir acompanhar o ritmo de inovações.


FONTE: Valor Econômico



Já viu os novos livros COAD?
Holding, Normas Contábeis, Perícia Contábil, Demonstrações Contábeis,
Fechamento de Balanço e Plano de Contas, entre outros.
Saiba mais e compre online!